Daremos continuidade à narrativa histórica sobre a Colonização de Presidente Getúlio
Daremos continuidade a narrativa histórica apresentada já na edição anterior deste guia, onde vimos que a data da fundação de Presidente Getúlio é 1º de junho de 1904. Nesta data, Iniciou-se, uma pequena colônia no interior do município de Blumenau e no interior do Distrito Itajaí-Hercílio, no Vale do Itajaí do Norte. O lugar exato do começo da colonização foi na foz do Rio dos índios junto ao Rio Krauel. Mais tarde, com a chegada de novos imigrantes, a colonização avançou nas duas direções: no Vale do Rio Krauel e no Vale do Rio dos Índios. As terras planas, onde hoje é o centro, foram consideradas impróprias para a agricultura em virtude de existirem ali grandes superfícies pantanosas. A primeira fase da colonização encerrou-se por volta de 1909. Iniciou-se com a vinda de várias famílias suíças e algumas alemãs, passou por dois anos prósperos, entrou em decadência e quase se extinguiu a colonização suíça de Neu-Zürich.
A partir do início de 1910, apareceram novos imigrantes e a situação começou a melhorar. Estes colonizadores não vieram diretamente dos países da Europa e sim de outros núcleos coloniais, principalmente da Colônia Brusque. Assim, os trabalhos foram retomados e, aos poucos, a mata virgem, principalmente a do centro onde o terreno era plano e alagadiço, deu lugar a clareiras transformadas em roças, pastagens, casas e jardins. Quanto mais as clareiras apareciam, tanto mais o solo ficava exposto ao sol e menos mosquitos se criaram.
O dia 10 de maio de 1914 foi uma data de grande importância histórica. Neste dia foi inaugurado o novo prédio da Escola Particular Alemã. Durante as cerimônias, o ex-diretor da Sociedade Colonizadora Hanseática, Ferdinand Moersch, com o consentimento da Sociedade Colonizadora Hanseática, mudou o nome de Neu-Zürich para Neu-Breslau, em homenagem ao fundador Wilhelm Goebel, que era natural de Breslau, Alemanha. A mudança do nome teve a justificativa de que a maioria dos imigrantes suíços vinda de Zürich tinha abandonado o lugar, portanto não faria sentido a permanência de uma denominação suíça.
Com a entrada do Brasil na Primeira Guerra Mundial, a colonização de Neu-Breslau estava reduzida à vinda de imigrantes que já haviam imigrado para outras regiões, como Brusque e Blumenau. Após a assinatura do armistício, os colonos alemães voltaram a surgir em grande número. As terras medidas em 1904, nas localidades de Pinheiro e índios, pelo agrimensor Karl Rupp, foram lotadas. As de Tukanbach (Ribeirão Tucano) e Eisenbach (Rio Ferro) foram medidas entre abril de 1913 e março de 1914. Em setembro de 1913, foram medidas as terras da localidade de Revolverbach (Ribeirão Revólver). Os lotes foram comprados e ocupados por colonizadores vindos de outros núcleos coloniais. Entre os pioneiros estavam Jacob Wíppel e Detlev Friedrich Wiese. Também são considerados pioneiros José Wippel e Francisco Wippel.
Em 1917, iniciou-se a continuidade da medição do Vale do Rio Krauel e em seguida o loteamento do Ribeirão do Uru. Em 1925, foi construída a primeira ponte sobre o Rio Krauel, por Gustavo Bayer, Emil Goebel e Leonardo Balinski. “O caminho até o Rio Krauel já estava pronto, mas faltavam as pontes. Eles tinham que atravessar o rio sobre troncos estendidos, numa travessia bem perigosa, imaginem o quanto era fácil escorregar em tempo chuvoso”
No ano de 1918, aconteceu o início da colonização na região denominada de Caminho da Floresta, pequena estrada que partiu do Caminho dos Caçadores em direção às terras existentes entre o Rio Krauel e o Rio Hercílio. As terras do Alto Rio dos índios, bem como seus afluentes: Ribeirão da Paca, Ribeirão da Canela, Ribeirão do Tatete e Ribeirão da Jacutinga foram medidos em 1918, pelos engenheiros e agrimensores da Sociedade Colonizadora Hanseática. Em 1919, no Ribeirão da Canela, Richard Kretzschmar abriu a primeira casa comercial. Com este empreendimento, o progresso da região foi intenso.
As terras junto ao Caminho de Boa Vista, Caminho do Posto e Tatu foram medidas em 1920 e na sua maior parte colonizadas com imigrantes alemães que abandonaram a Alemanha após a Primeira Guerra Mundial. Eram 17 famílias, naturais de Hamburgo, que ali se estabeleceram. A denominação “Posto” foi dada em função do Posto de Atração dos índios ali existentes até meados de 1914, ano do aldeamento dos índios botocudo no Rio Plate. De 1921 a 1923, foram realizadas as medições nas localidades de Serra Vencida, Nova Helvétia, Caminho da Urucurana, Caminho Bemburg, Caminho Stimming, Caminho Moltmann, Krauel Central e Krauel Alto. Desta forma, as principais localidades de Presidente Getúlio se formaram aos poucos, cada uma gravando suas características na comunidade, de acordo com as etnias que se estabeleceram.