A Fundação de Presidente Getúlio
Na confluência do Rio dos índios e do Rio Krauel, um grupo de imigrantes, a maioria de nacionalidade suíça, fez o seu acampamento. Frederico Kilian assim descreveu o fato histórico: “Foi a 1º de junho de 1904 quando no local onde os rios do “índio” e “Krauel” se unem, um grupo de imigrantes assentou o seu acampamento. Homens robustos e fortes para aqui vieram com suas famílias”.
O grupo, liderado pelo engenheiro Karl Alexander von Wettstein, funcionário da Sociedade Colonizadora Hanseática, era composto de H. W. Grage, Wilhelm Goebel, Alexander Leitis, Alexandrowitsch, Carl Krumm, Georg Eberhard, Albert Stefan, Rudolf Guths, os dois irmãos Wenzel, Stuniss, Knöbel e Kipfer. De acordo com a crônica de Victor Schleiff, os primeiros imigrantes eram homens fortes e dispostos que queriam instalar uma nova pátria no meio da floresta brasileira.
No mesmo dia da chegada, derrubaram a primeira árvore para simbolizar o início da colonização e caracterizar a amizade e a união entre eles. Após o simbólico gesto, denominaram o lugar Neu-Zürich em homenagem à cidade de Zürich na Suiça, local de procedência da maioria dos imigrantes pioneiros.
Iniciou-se, assim, uma pequena colônia no interior do município de Blumenau e no interior do Distrito Itajaí-Hercílio, no Vale do Itajaí do Norte. O lugar exato do começo da colonização foi na foz do Rio dos índios junto ao Rio Krauel, na futura propriedade de H. W. Grage. Passada a cerimônia de instalação oficial, com muita emoção e expectativa no meio da mata virgem, sem a presença de protocolo e autoridades, os imigrantes iniciaram a derrubada da floresta.
Este trabalho foi realizado de forma coletiva até que todos pudessem se instalar no seu próprio lote, em pequenos ranchos feitos com o material coletado da própria mata. Troncos de palmitos e folhas de guaricanas, eram essenciais para a construção da primeira moradia provisória. Os lotes ou colônias, com aproximadamente 25 hectares, foram adquiridos da Sociedade Colonizadora Hanseática, pagos à vista ou em parcelas anuais.
Na primavera de 1904, quando o tempo era de plantar, cada chefe de família manifestou a vontade de trabalhar na sua própria terra e assim procederam. Inicialmente, para os imigrantes suíços, foi reservado o Vale do Rio Krauel. Ali, por terem sido muito unidos, pois vieram de um mesmo lugar e viajaram juntos, decidiram ao lado da Sociedade Colonizadora Hanseática que a ocupação dos lotes se daria por sorteio. Assim, cada chefe de família teve seu pedaço de chão sem privilégios ou favorecimentos.
Mais tarde, com a chegada de novos imigrantes, a colonização avançou nas duas direções: no Vale do Rio Krauel e no Vale do Rio dos Índios, a partir do local da fundação. As terras planas, onde hoje é o centro de Presidente Getúlio, foram na época, consideradas impróprias para a agricultura em virtude de existirem ali grandes superfícies pantanosas, criadoras de mosquitos transmissores da malária.
Assim, algum tempo após a fundação, os homens derrubaram a mata nas suas colônias, para a preparação das primeiras
plantações e a construção de um pequeno rancho para abrigarem suas famílias.
Otto Wille escreveu sobre a árdua tarefa de construir casas na mata virgem:
“Aprendemos a construir, cortar árvores na floresta e fazer tábuas. As paredes da casa foram cobertas com barro, que tirávamos diretamente do chão batido da casa, sem buscá-lo de muito longe. Cavava-se um buraco, o barro era afofado, jogava-se água, formando-se a massa, a qual nós adicionávamos palha e amassávamos com os pés. Isto não era um trabalho fácil, pois o difícil era tirar os pés dessa massa. Na outra etapa a massa era atirada contra a parede que fora feita de folhas de palmeiras, trançadas com taquara e amarradas com cipós. Nas aberturas da parede, a massa entrava e misturando-se com a palha fixava tudo. Depois de alisada e seca, era pintada com argila branca. Depois eram cortadas as tábuas para o assoalho.”
Enquanto as primeiras atividades na propriedade foram realizadas, a maioria das mulheres e crianças permaneceu abrigada no Rancho dos Imigrantes de Neu-Bremen. Este rancho era o segundo maior da Colônia Hammonia. No dia 1º de junho de 1905, um ano após a fundação, os imigrantes realizaram uma pequena comemoração, externando sua alegria de estarem ali estabelecidos. Naquela solenidade, eles resolveram considerar o dia 1º de junho o dia oficial da fundação, por terem, nesta data, há um ano, se instalado no lugar e derrubado a primeira árvore. Percebe-se que o dia do município de Presidente Getúlio continua sendo o dia 1º de junho como fora no início da colonização.